sábado, 2 de agosto de 2008

Arquivo do Roberto: Aquarela do Brasil nos Aflitos

Victor Meirelles era um gênio. Um poeta das tintas. Um catarinense habitante da alma pernambucana. Nós que reverenciamos Monets e Manets, esquecemos os Meirelles. O menino humilde que nasceu em Desterro, Santa Catarina. O pintor das grandes batalhas. O menino que chegou ao Rio de Janeiro aos 14 anos com dinheiro emprestado. O menino que foi adotado por D. Pedro II. Enquanto os impressionistas franceses ainda não impressionavam ninguém, Victor Meirelles aos 24 anos pintou a Primeira Missa do Brasil na França. Obra-prima exibida no Salão de Paris. A pedido do Imperador, Meirelles se enfurna em paisagens de guerra, sangue e pólvora. E pinta a neo-clássica Passagem de Humaitá. Batalha que abriu caminho para a conquista de Assunção pelos brasileiros na Guerra do Paraguai. Nome da rua onde habita o Figueirense. Mas a imagem que os pernambucanos guardam de Victor Meirelles é outra. Todos se recordam dos livros escolares. Do quadro A Batalha dos Guararapes. Uma tela que vale por mil palavras. Um poema em forma de aquarela. Quando Náutico e Figueirense entrarem em campo hoje nos Aflitos, eles poderiam disputar um troféu simbólico: A Taça Victor Meirelles. Uma pequena homenagem ao pintor que faleceu pobre e desamparado. Demitido da Escola Nacional de Belas-Artes como velho pelos republicanos que não lhe perdoavam o talento e a amizade pela família real. Foi morar em um barraco. Trabalhando por migalhas para não morrer de fome. Seus esboços foram entulhados. Anos depois, apodrecidos, desapareceram jogados na baía da Guanabara. Como tralha. Falece em pleno carnaval de 1903. Indigente. Um dos maiores pintores brasileiros, sucumbiu ao país onde nasceu. País feito de escárnio, política e esquecimento. Olhando a fenomenal Batalha dos Guararapes, a emoção se traduz em incredulidade. Em pecado. Victor Meirelles era um gênio. Um poeta das tintas. Um catarinense habitante da alma pernambucana. Nós que reverenciamos Monets e Manets, esquecemos os Meirelles. O menino humilde que nasceu em Desterro, Santa Catarina. O pintor das grandes batalhas. O homem que morreu só e na miséria em uma manhã de carnaval. Aquarela do Brasil. Conheçam o Blog do Roberto, clicando no link abaixo: http://oblogdoroberto.zip.net/

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