terça-feira, 27 de maio de 2008

O eterno ídolo

Kuki, o quarto artilheiro da história do Náutico, com 177 gols, perdendo apenas para Baiano (181), Fernando Carvalheira (185) e Bita, o maior de todos (223), está encerrando sua passagem pelo Náutico. Uma passagem vitoriosa, é bom que se diga. A trajetória desse cearense de Crateús, gaúcho de vivência – chegou ao Rio Grande do Sul ainda criança de braço – tem sido uma das mais fulgurantes. Tudo começou em 2001, quando o Náutico reunia fora de campo todas as suas forças com o objetivo de armar um time capaz de levá-lo a reconquistar o título de campeão pernambucano, depois de uma já enfadonha espera que ia chegando a 11 anos. O Alvirrubro comemoraria seu centenário. O Sport dava as cartas no futebol pernambucano. Era pentacampeão e marchava para o Hexa. Igualaria a maior conquista do Timbu em toda a sua existência, fazendo com que a frase “hexa é luxo”, que é pronunciada com tanto orgulho pela timbuzada, perdesse a sua consistência. Fez-se um grande movimento, à frente Wilson Campos, velho baluarte alvirrubro, que teve o mérito de unir as mais diferentes tendências, trazendo às lides gente que já não acompanhava o clube de perto. O time foi sendo formado, com os jogadores tendo as mais diversas procedências, a começar pelo hoje supervisor do futebol alvirrubro, Sangaletti, e seu companheiro de meio-campo no Sport, Wallace. Ambos saíram magoados da Ilha do Retiro e terminaram dando uma valiosa contribuição ao clube dos Aflitos. A grande surpresa, primeiro uma interrogação, depois uma doce resposta, veio do sul do Brasil, mais propriamente de Santa Catarina. Goleador da segunda divisão catarinense, Kuki, que tivera uma vida tortuosa e se recuperara, passando a encarar a profissão com a seriedade por ela imposta, chegou ao Recife como um mero desconhecido. O resto da história todos já sabem. O atacante baixinho começou a se impor perante a torcida e a imprensa, fazendo gols a torto e a direito, e mostrando um espírito de luta que se irradiou por toda a equipe. Logo tornou-se ídolo. Teve uma valiosa participação na conquista do título no ano do centenário alvirrubro, bem como no bicampeonato (2002) e no de 2004. Até os dias atuais teve duas rápidas saídas (Coréia e Santa Cruz). Voltou a se abrigar sob o manto branco e vermelho. Ajudou o Timbu a recuperar seu prestígio, que andava em baixa nacionalmente. Por fim, Kuki também contribuiu para a volta, em 2006, do Náutico à primeira divisão nacional, ele que fora uma das vítimas da famigerada tragédia dos Aflitos diante do Grêmio em 2005.. Aos 37 anos, mostrando muita disposição para prosseguir na carreira, Kuki está deixando os Aflitos, creio que definitivamente, como jogador. Vai dar sua ajuda ao Bahia, que luta para voltar à elite brasileira. Sem dúvida, ainda está em condições de colaborar, com seus gols e seus passes extraordinários, para a recuperação do tricolor baiano. Mesmo longe dos Aflitos, Kuki será eternamente lembrado por uma torcida que tanto o admirava. Com seu jeito de ser, com suas arrancadas e com seus gols, além da interação com o torcedor, o cearense-gaúcho tornou-se em Pernambuco um ídolo, não apenas dos alvirrubros, mas de todas as torcidas. e-mail para contato: moraesaragao@yahoo.com.br

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