Finalmente, em 1915, começam para valer as disputas dos Campeonatos Pernambucanos. Dez anos haviam se passado desde a disputa da primeira partida de futebol em nosso Estado. Para efeito de comparação, o primeiro Campeonato Paulista foi disputado em 1902 e o Carioca em 1906. Dos Estados nordestinos, a Bahia tinha seu campeonato desde 1905 e o Ceará desde 1914. É bom lembrar que o Ceará só começou antes de Pernambuco porque as Ligas pernambucanas criadas em 1912 e 1913 não prosperaram.
O primeiro Campeonato Pernambucano promovido pela Liga Sportiva Pernambucana foi disputado por 6 clubes: Sport Club Flamengo, Santa Cruz, Torre, João de Barros (América), Centro Sportivo do Peres e Colligação Sportiva Recifense.
Náutico e Sport, embora mais antigos, não participaram deste primeiro campeonato.
O Sport Club Flamengo, foi o Campeão Pernambucano. Para ser mais preciso, foi super campeão, e invícto. Ressalte-se que, na época, a imprensa não adotava a terminologia “Super campeão”.
O primeiro jogo interestadual em Recife
O América Futebol Clube do Rio de Janeiro foi o primeiro clube de outro estado a jogar em Recife.
No mês de novembro de 1915, o campeonato pernambucano foi temporariamente suspenso cedendo as datas para a realização da temporada do América do Rio.
O América do Rio disputou quatro partidas entre nós, tendo vencido todas. Enfrentou um Scratch Anglo Pernambucano, duas vezes, a Seleção Pernambucana e uma Seleção de Ingleses.
O Campo do British Club muda de dono
No mês de abril de 1916 os sócios do British Club resolveram entregar a casa onde tinham sua sede e o campo. A Liga Sportiva Pernambucana assumiu, provisoriamente, o arrendamento do campo, que era o melhor de nossa capital.
A estréia de Náutico e Sport em campeonatos
O Campeonato Pernambucano de 1916 foi disputado em 2 turnos, pontos corridos, por 9 clubes divididos em 2 séries. Na série A, os participantes do ano anterior, com exceção da Colligação Sportiva Recifense que não mais disputou campeonatos. Na série B, os novos participantes, entre eles Náutico e Sport. No final, os vencedores das séries A e B, Santa Cruz e Sport, respectivamente, decidiram o título numa partida extra. O Sport foi o campeão.
Um fato curioso é que o Sport, para reforçar seu time na fase decisiva do campeonato, importou o zagueiro Paulino que havia se destacado, jogando pelo América do Rio, nos jogos deste clube em Recife em novembro de 1915.
O batismo interestadual do Santa Cruz
No dia 15 de novembro de 1916, o Santa Cruz realizou seu primeiro jogo fora dos limites do Estado de Pernambuco. E logo no seu batismo interestadual venceu, em Natal, o ABC Foot-ball Club, do Rio Grande do Norte, pelo placar de 4 x 1. A notίcia da brilhante vitória do Santa Cruz chegou ao Recife pouco antes das 6 horas da tarde, por telegrama, e foi recebida com grande entusiasmo nas rodas esportivas, notadamente no seio da família tricolor, cuja sede ficou em festas até a madrugada.
O time do Santa Cruz, jogou com a seguinte constituição: Ilo Just; Mangabeira e Nelson Valença, Arsênio, Theophilo e Professor; Zé Castro, Pitota, Tiano, Fausto e Doria.
Reservas: Duque e Mario Rosas.
Convém salientar que, dos clubes ainda em atividade, o Santa Cruz foi o primeiro a jogar fora de Pernambuco.
O campo do British Club passa a ser do América
Desde 1916, a aristocrática sociedade britânica, British Club, deixou o confortável palacete de Ponte d’Uchôa, onde tinha sua sede e o magnífico campo anexo. A casa e o campo foram alugados a alguns desportistas. Este aluguel foi repassado à Liga Sportiva Pernambucana até o final do ano de 1916.
A partir do inicio de 1917, o espaçoso campo do antigo British Club, em Ponte d’Uchôa, passou a ser do América.
A Liga inaugura seu campo, nos Aflitos
Para inauguração do seu campo, nos Aflitos, a Liga planejou organizar o “Campeonato do Centenário” lembrando os 100 anos da Revolução de 1817. Este campeonato contaria com a presença das Seleções da Paraíba e Rio Grande do Norte, do Clube do Remo de Belém do Pará, além, claro, da Seleção de Pernambuco. Como as Seleções da Paraíba e Rio Grande do Norte não puderam comparecer, a inauguração do campo foi feita com um jogo entre as seleções das Divisões A e B da Liga Sportiva Pernambucana. A divisão B venceu por 6x0.
Na inauguração do novo campo da Liga o Major Arsênio Borges pronunciou, mais ou menos, as seguites palavras: “Inauguro com prazer este campo que vai servir de arena aos futuros embates dos clubs que sob a orientação da Liga Sportiva Pernambucana se batem com ardor pelo progresso do sport pernambucano. Aqui, tendo por lemma Harmonia, as glorias chegarão ao apogeu com as palmas dos vencidos, pelo que, ergo um viva a Liga Sportiva Pernambucana.”
Uma semana depois, no dia 11/03/1917, foi feita a inauguração oficial do campo num jogo da Seleção da Liga contra o Clube do Remo de Belém do Pará. O Remo venceu por 4x2.
O Sport reinicia os serviços de construção do seu campo
No dia 23 de julho de 1917 o Sport Club do Recife recomeçou os trabalhos do seu novo campo que se encontravam parados, em vista das grandes chuvas ultimamente caídas. O projeto previa que campo seria construído dentro das mais modernas regras de higiene. Seria dotado de boa arquibancada, banheiros, aparelhos, enfermaria, quartos para descanso, etc. Mais um importante passo dado pelo Sport Club do Recife em benefício do esporte pernambucano.
Temporada da Associação Athletica das Palmeiras.
Em outubro de 1917 foi a vez de recebermos a visita de um clube paulista, a Associação Athletica das Palmeiras. Convém destacar que este Clube não é o atual Palmeiras.
A AA das Palmeiras disputou quatro partida em Recife. Venceu todas: Náutico (10x0), América (5x2), Seleção da Liga (1x0) e Sport (6x2). Todos os jogos foram disputados no campo do América, o antigo British Club.
Inauguração oficial do campo do América
Embora já franqueado ao publico para o jogo Náutico x AA das Palmeiras, a inauguração oficial do campo do América, em Ponte d’Uchôa, ocorreu no dia 12/10/1917 no jogo América x AA das Palmeiras. Este campo, como já mencionado anteriormente, pertencia, anteriormente, ao British Club.
*O autor Carlos Celso Cordeiro, escritor e pesquisador do Futebol Pernambucano, formado em Engenharia Mecânia e posteriormente em Administração de Empresas, traduz-se hoje na maior referência sobre pesquisa de futebol no estado. Livros Publicados: Campeonato Pernambucano (1915 a 1970) Campeonato Pernambucano (1971 a 2000) Sport - Retrospecto (1905 a 1959) Sport - Retrospecto (1960 a 1979) Sport - Retrospecto (1980 a 1999) Náutico - Retrospecto de Todos os Jogos (1909 a 1969) Náutico - Retrospecto de Todos os Jogos (1970 a 1984) Náutico - Retrospecto de Todos os Jogos (1985 a 1999) Náutico - Grandes Goleadores: Kuki
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